segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Diretora-geral da OMS visita o Brasil esta semana para acompanhar Zika

Brasília - A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, e a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, virão ao Brasil esta semana para acompanhar a epidemia do vírus zika no país. Hoje no Rio, o governador Luiz Fernando Pezão lança uma força-tarefa para combate aos focos do mosquito Aedes aegypti no estado. Cerca de 800 bombeiros foram convocados para o lançamento.
De acordo com o Ministério da Saúde, a visita da diretora-geral da OMS ocorre a convite do próprio governo brasileiro. A comitiva será informada sobre as medidas que o governo está tomando para conter o crescimento da doença, que pode estar relacionada com a ocorrência de casos de microcefalia.

As diretoras da OMS e da Opas chegam a Brasília amanhã, quando serão recebidas pela presidente Dilma Roussef e a equipe do Ministério da Saúde. Na quarta-feira viajam para Recife, já que Pernambuco registra o maior número de casos de microcefalia possivelmente associada à infecção pelo zika — 182 casos da malformação confirmados e 1.203 em investigação.
Hoje a presidente Dilma vai a São Paulo para participar da assinatura do contrato entre o Ministério da Saúde e a Fundação Butatan para o desenvolvimento da vacina da dengue. No início do mês, a OMS declarou emergência em saúde pública de interesse internacional em razão do aumento de casos de infecção pelo zika em diversos países e de uma possível relação da doença com quadros de malformação congênita e síndromes neurológicas.
O Ministério da Saúde investiga pelo menos 3.935 casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao vírus. Até o dia 13 de fevereiro, 508 casos foram confirmados e 837 descartados de um total de 5.280 notificações de estados e municípios ao governo federal. Desde a última quinta-feira, a notificação de casos suspeitos de infecção pelo zika é obrigatória no Brasil. A portaria prevê que todos os casos suspeitos deverão ser comunicados semanalmente às autoridades sanitárias.

Butantan está testando vacina

O Instituto Butantan, de São Paulo, que assina hoje contrato com o Ministério da Saúde para desenvolvimento de vacina contra a dengue, já iniciou a fase 3 de testes clínicos em voluntários. A instituição pretende testar a vacina em cerca de 17 mil pessoas em 13 cidades de 12 estados brasileiros para participarem da pesquisa. Os testes serão feitos em 14 centros de estudo credenciados pelo Instituto Butantan.
Essa será a última fase de estudos antes que a vacina possa ser submetida à avaliação da Anvisa para registro, mas esse período pode levar até um ano e meio. Dois terços dos voluntários recebem a vacina e um terço recebe placebo, que é a medicação sem efeito medicinal. O objetivo é verificar se o grupo vacinado teve uma redução considerável de casos de dengue em comparação ao grupo que recebeu o placebo.
O desenvolvimento da vacina é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), o Instituto Adolfo Lutz, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) — Instituto Central e Instituto da Criança. O projeto tem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A vacina é feita com os próprios vírus da dengue, que foram modificados para que a pessoa desenvolva anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue sem desenvolver os sintomas relacionados a eles.
Segundo o Instituto Butantan, os testes têm mostrado que bastará uma dose para que a vacina seja eficaz. Trata-se da vacina brasileira contra dengue em fase mais avançada de desenvolvimento, mas há outras iniciativas em andamento no mundo.

Cartilha é proposta para Guillain-Barré

Neurologistas que estudam o aumento de casos de Guillain-Barré, doença associada ao vírus zika, vão propor a elaboração de cartilha e vídeos para orientar sobre o diagnóstico da síndrome que provoca paralisia e pode levar à morte, se não for tratada a tempo, de acordo com a agência Estadão Conteúdo.
Em encontro realizado em Natal, no Rio Grande do Norte, especialistas manifestaram preocupação com a dificuldade dos profissionais de saúde de identificar a doença e temem tanto a subnotificação quanto o aumento de casos relatados por equívoco. 
Semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o registro da doença no país cresceu 19% entre janeiro e novembro de 2015 em relação a anos anteriores. Somente em Alagoas, por exemplo, o aumento foi de 517%.
O Grupo de Estudos das Manifestações Neurológicas das Arboviroses reúne médicos do Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Segundo o neurologista e professor da UFF Osvaldo Nascimento, além dos casos de Guillain-Barré, os médicos têm observado outras síndromes neurológicas.



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

OMS recomenda abstinência ou sexo seguro a quem foi a regiões com zika

Todos os homens e mulheres que retornam de regiões onde há transmissão do zika vírus devem adotar "práticas sexuais seguras ou considerar a abstinência por um período de, pelo menos, quatro semanas", recomendou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (18).

Em um guia sobre "A prevenção da potencial transmissão sexual do zika", a organização acrescentou que as pessoas que "vivem" nessas áreas "devem considerar práticas sexuais seguras ou abster-se da atividade sexual", sem especificar por quanto tempo.
Essas recomendações se baseiam no fato de que a maioria de infecções de zika são assintomáticas e que a transmissão sexual do vírus pode ser possível, embora as evidências disso se limitem a poucos casos.
Os conselhos iniciais da OMS em matéria sexual se dirigiam principalmente às mulheres grávidas pela suspeita de que o zika possa estar relacionado com o aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos no Brasil e da síndrome Guillain-Barré.
No entanto, a organização generalizou suas recomendações a favor de práticas sexuais seguras frente a esta situação, que considera uma emergência de saúde de alcance internacional.
No guia divulgado hoje, a OMS pede às gestantes que residam ou retornem de zonas afetadas a manterem práticas sexuais seguras ou abstinência "durante toda a gravidez".
"As mulheres que fizeram sexo sem proteção e não querem ficar grávidas devem ter acesso a serviços de contracepção de emergência", pede a entidade.
A transmissão sexual do zika foi descrita em dois casos e se documentou um caso - que data de 2013, no Taiti -, no qual se encontrou o vírus no sêmen.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Plano da OMS para combate ao zika custará US$ 56 milhões até junho

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que vai precisar de US$ 56 milhões para implementar seu plano de combate à disseminação do vírus da zika. O projeto tem duração prevista até junho, quando deve ser reavaliado.

O "Plano de Arcabouço para Reação Estratégica e Operações Conjuntas", elaborado pela entidade, inclui medidas como fortalecimento de vigilância para a doença, combate ao mosquito, trâmite acelerado para pesquisa de vacinas e desenvolvimento rápido de diagnósticos.

Do total necessário ao projeto, US$ 25 milhões seriam bancados pela própria OMS e pela OPAS (Organização Panamericana de Saúde) e outros US$ 31 milhões sairiam de parceiros.

O montante anunciado, que servirá para coordenar os esforços de combate ao vírus, não inclui gastos de pesquisa prometidos por países individualmente e as verbas necessárias para pesquisa anunciadas por laboratórios privados e universidades.

É provável que, no setor de pesquisa, a maior parte do dinheiro não seja aquele canalizado para a OMS. O governo dos EUA, por exemplo, está negociando a liberação de US$ 1,8 bilhão para um fundo de emergência de combate ao vírus, que vai bancar cientistas trabalhando no problema.

Distribuição da verba

A primeira das duas metas de pesquisa anunciadas pela OMS é entender a ligação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré. A segunda é acelerar a criação de vacinas, diagnósticos e terapias. Essas duas iniciativas receberão US$ 6 milhões inicialmente.

Outro objetivo do plano é tornar mais homogênios os critérios para diagnóstico e notificação da infecção pelo vírus e seus males associados, de forma que fique mais claro o mapa da epidemia.

Esse segmento do plano dedicado à vigilância da epidemia e ao mapeamento de distribuição do Aedes aegypti, receberá US$ 7 milhões.

O atendimento a gestantes com zika e acompanhamento de mães de crianças nascidas com microcefalia também estão contemplados no projeto, com US$ 14,2 milhões alocados.

O plano também possui um braço de ação comunitária e comunicação para explicar os riscos associados ao zika em áreas afetadas e promover o comportamento adequado.

Esse setor do plano contará com US$ 15,4 milhões. Parte da verba também se destina a "desmentir boatos e equívocos culturais", além de "reduzir a ansiedade" e "lidar com o estigma" em torno da doença.

O braço do plano para "controle de vetores" (combate ao mosquito) contará com US$ 6 milhões inicialmente, dirigido a países que abrigam o Aedes. Parte da verba também deve ser usada para distruibuição de repelentes, com prioridade para gestantes e mulheres em idade fértil.

O esforço de coordenação entre todas essas áreas deverá custar US$ 6,1 milhões.

A OMS não detalhou quanto cada país vai receber de todo o montante previsto no plano. O fator vai depender de três fatores: a presença do Aedes no país, o registro de casos de zika e a presença de malformações e síndromes neurológicas associadas ao vírus.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Comitê de emergência da OMS inicia reuniões em Genebra sobre zika

O comitê de emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) para avaliar o risco de propagação do vírus zika no mundo terá hoje (1º) sua primeira reunião em Genebra.
O grupo discutirá se a propagação do vírus e sua possível relação com o aumento de casos de microcefalia constitui emergência em saúde pública de importância internacional, como aconteceu recentemente com a epidemia de ebola, detectada na África Ocidental.
Segundo o Ministério da Saúde, o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis da pasta, Cláudio Maierovitch, apresentará os dados brasileiros por videoconferência.
O comitê foi criado depois que os Estados Unidos emitiram alerta para que gestantes não viajassem a países onde circula o vírus e que governos aconselharam mulheres a não engravidar.
O comitê é formado por profissionais renomados, especialistas na área. Segundo a professora de direito internacional da Universidade de São Paulo, Deisy Ventura, o grupo pode se reunir por alguns dias, até definir se defende a declaração de emergência ou não. A decisão final é da diretoria-geral da OMS e pode ser mudada, dependendo das novas informações.
Durante sessão do conselho da organização na semana passada, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que a situação do vírus no mundo mudou drasticamente e que o zika, após ser detectado nas Américas em 2015, se espalha agora de forma explosiva. Até o momento, segundo ela, 23 países já reportaram casos da doença
A situação é preocupante, segundo Margaret Chan, por conta de fatores como a ausência de imunidade entre a população; a falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápido; e a possibilidade de disseminação global da doença, quando considerada a presença do mosquito Aedes aegypti em diversas partes do planeta. O mosquito é o transmissor do vírus.