terça-feira, 28 de abril de 2009

Anvisa admite que alerta tardio da OMS prejudicou orientação sobre a gripe suína

CAROLINA FARIAS
da Folha Online

Atualizado às 18h23.

Nesta terça-feira à tarde, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) realizou uma reunião no aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica (Grande São Paulo), com representantes de companhias aéreas, da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil), da Infraero (estatal que administra os aeroportos) e de sindicatos e associações de funcionários do aeroporto para tirar dúvidas sobre os procedimentos adotados diante de casos suspeitos de gripe suína no Brasil.

Saiba quais hospitais procurar no Brasil
Saiba mais sobre a gripe suína
Saiba o que o mundo faz para se prevenir
Vai viajar? Conheça as recomendações

Hoje, o diretor da Anvisa, José Agenor Álvares, admitiu que o alerta tardio da OMS (Organização Mundial de Saúde) a respeito do risco de pandemia prejudicou os trabalhos da agência no país. Questionado sobre o fato de o Brasil ter sido avisado apenas na última sexta-feira (24), Álvares disse que a Anvisa corre agora para "adaptar" os trabalhos de prevenção e orientação sobre a doença no país.
Paulo Whitaker/Reuters
Com receio da gripe suína, Ximena de la Parra Parreros e o noivo aguardam a mãe dela, no aeroporto internacional de São Paulo
Com receio da gripe suína, Ximena de la Parra Parreros e o noivo aguardam a mãe dela, no aeroporto internacional de São Paulo

"Sim, quando nós recebemos a informação já estava aquele pânico noticiado pela imprensa. Já estava o governo [do México] distribuindo máscara, fechando escolas, e nós tivemos que correr para adaptar nosso plano. Tanto é que recebemos o alerta da OMS na sexta-feira e na própria sexta-feira emitimos uma nota técnica para todos os nossos portos e aeroportos alertando sobre isso, e começando a indicar quais os procedimentos a fazer", afirmou.

A primeira morte causada por essa variação de gripe suína aconteceu no Estado de Oaxaca, no México, no último dia 13.

Segundo a gerente de orientação da Anvisa, Carla Baeta, existem dois tipos de detecção da entrada da doença no Brasil: por meio dos portos e aeroportos, e nos destinos dos viajantes. "A grande maioria dos casos será detectada nos município, não vai estar no avião", afirmou.

Até a tarde de hoje, 79 pessoas haviam sido infectadas pelo vírus da gripe suína no mundo, segundo a OMS. Ao todo, foram registrados 40 casos nos Estados Unidos, 26 no México, seis no Canadá, dois na Espanha, dois no Reino Unido e três na Nova Zelândia. Até o momento, foram registradas 22 mortes, todas no México, onde o surto começou.

No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou que 20 pessoas estão sendo monitoradas após apresentarem sintomas da gripe suína.

De acordo com órgão, entretanto, ainda não há confirmação de nenhum caso no Brasil, e o casos monitorados ainda não são considerados suspeitos pelos critérios da OMS.

Para que um caso seja considerado suspeito, é preciso que a pessoa apresente todos os sintomas da doença --febre de pelo menos 38ºC, acompanhada de tosse, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, além de desconforto respiratório-- e que tenha retornado dos países afetados recentemente.

Prevenção

Segundo a Anvisa, foram enviados 20 mil folhetos educativos sobre a doença para o aeroporto de Guarulhos (SP), 20 mil para o Galeão (RJ), outros 20 mil para Confins (MG) e 20 mil para Salvador.

Os folhetos, em português, espanhol e inglês, listam os sintomas da doença e orientam as pessoas que chegaram do México, Estados Unidos ou Canadá a procurarem o hospital. Ao todo, serão feitos 1 milhão de panfletos.

Além disso, estão sendo veiculados avisos sonoros nos três aeroportos e em Salvador, Fortaleza e Recife alertando sobre a doença e os aviões que partem do México, Estados Unidos e Canadá com destino ao Brasil receberam a determinação de orientar os passageiros.

Sintomas

A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 38ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.

Para diagnosticar a infecção, uma amostra respiratória precisa ser coletada nos quatro ou cinco primeiros dias da doença, quando a pessoa infectada espalha vírus, e examinadas em laboratório. Os antigripais Tamiflu e Relenza, já utilizados contra a gripe aviária, são eficazes contra o vírus H1N1, segundo testes laboratoriais, e parecem ter dado resultado prático, de acordo com o CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos).

Nenhum comentário: